As enchentes em Santa Catarina, que mataram dezenas de pessoas e deixaram milhares desabrigadas, são sinal de que o impacto do aquecimento global sobre a Amazônia já está tendo um reflexo sobre o clima da América do Sul, diz artigo na edição desta terça-feira do jornal argentino, Clarín.
"Começa então a se cumprir, muito antes do previsto, o que vêm advertindo os cientistas, entre eles os do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. (...) As mudanças na floresta amazônica, em conseqüência do aquecimento global e da ação destrutiva do homem, já começaram a se fazer sentir no Cone Sul", diz o diário.
"As tempestades em Santa Catarina, simultaneamente às fortes secas no Chaco, em Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé e Córdoba" são citados pelo artigo como reflexos de mudanças na Amazônia.
O Clarín ouviu dois especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) para explicar o fenômeno.
Segundo o jornal, "o físico Antônio Ozimar Manzi afirmou: 'Esta zona (que inclui a selva no Brasil e mais outros oito países da região) é a principal fonte de precipitações na região'. E tudo o que acontecer modificará de maneira decisiva o clima no sul e no norte da América do Sul".
Paulo Artaxa, também ouvido pelo jornal argentino, explica que "no céu da Amazônia há um sistema eficaz de aproveitamento do vapor d'água (...) mas a fumaça dos incêndios florestais altera drasticamente este mecanismo: diminui a formação de nuvens e chuvas em algumas regiões e aumenta as tempestades em outras".
O Clarín conclui que "não é de se estranhar fenômenos como as inundações de Santa Cataria quanto a seca no norte, centro e leste da Argentina".
"Não são castigos divinos, mas bem humanos."
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